segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Morrer...

Jacqueline Auriel disse que não é de morrer que tinha medo. Era de não vencer. Pois eu afirmo que não é de morrer que tenho medo. É simplesmente de não viver.

Não é propriamente da morte em si que tenho medo. E também não é medo que sinto, mas não gosto mesmo de pensar na morte, nem de falar nela. Desde muito novo (acho que desde que me lembro de pensar) que sempre recusei pensar neste tema. Houve até alturas em que de noite tinha de me levantar para fugir dos pensamentos sobre esse tema. Mas não é medo da morte em si o que me "preocupa".

Tenho é medo ou receio de não viver, de não poder usar o que nos distingue, que é pensar, ter consciência. Assusta-me não poder ver o mundo, não poder falar, não poder olhar, não poder ver, não poder fazer as coisas mais básicas da vida, beber um café, ver um jogo do meu clube no estádio, não poder ver a minha família. Isto sim assusta-me verdadeiramente. E mesmo que a minha vida fosse um inferno completo continuaria a pensar assim.

Se perguntassemos a um mendigo do mais infeliz que se possa imaginar se preferia morrer, tenho muitas dúvidas que a resposta dele não fosse negativa. Que apesar de tudo preferiria estar vivo.

Por vezes consigo passar muito tempo sem pensar neste tema mas em certas alturas em que o cansaço se apodera com maior força este é um pensamento que geralmente aparece. E quando aparece deixa-me ainda mais pensativo pois quando morremos, deixamos atrás de nós tudo o que possuímos e levamos tudo o que somos.

3 comentários:

nina disse...

Será a morte uma libertação ou uma prisão?
Será o fim ou o começo?
Será o inferno ou o paraíso? Penso que assusta por tudo isso! A mim particularmente custa-me pensar na morte, no medo de perder as pessoas que me são queridas, quanto à minha... apenas o receio de não ter tentado ou sabido viver da melhor maneira. É o desperdício que verdadeiramente me assusta.

Blue Moon disse...

Nina, não podia estar mais de acordo com o teu comentário. Quanto à pergunta que fazes se é o começo ou o fim, gostava mesmo de acreditar que é um começo, mesmo sendo eu um céptico a este nível. Obrigado pela tua visita.

nina disse...

Dá-me paz pensar que será o renascimento da minha própria libertação. Talvez seja uma utopia, mas reconforta-me :)
Bjo