segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Ensaio sobre a traição masculina por Sean Thomas - parte I

"Eu vivo tentando entender por que os homens andam sempre num estado de alta excitação sexual. E por que alguns tentam reprimir seus desejos, enquanto outros traem sem o menor pudor. Hoje, sou um tremendo mulherengo. Mas, no passado, era romântico. Na universidade, durante o namoro de dezoito meses com a minha namorada, nunca saí da linha. Então ela teve uma atitude indecente: transou com o meu melhor amigo, e isso foi o choque mais traumatizante que sofri em minha vida.

Mesmo depois de superar a decepção, continuei acreditando que ser fiel era o melhor caminho. Mas o dano já estava feito. Passados quatro anos, quando estava namorando de novo, as sementes da desconfiança começaram a florescer. Inconscientemente, o comportamento da antiga namorada tinha me convencido de que a maioria das mulheres era traidora. Que garantia teria de que, se aparecesse uma chance, ela não daria em cima dos meus amigos? Resolvi me vingar antes de descobrir qualquer sinal de perigo.


Saí com uma das mais atraentes de suas amigas. Será que essa justificativa é a mesma para todos os homens? Depois destes depoimentos, descobri que não. A traição é tão individual e complexa quanto cada homem infiel. Mas há razões que os levam ou não a fazer isso. Vamos começar pelos motivos que os levam a trair:


1) As circunstâncias:


Para alguns, trair é muito fácil. Um bumbum atraente decide por eles. André, de 28 anos, conheceu uma mulher sedutora numa conferência e não resistiu. "Fiz isso porque ela tinha peitos grandes." Não pensou duas vezes antes de enganar sua esposa. "Foi uma decisão de momento, como na maioria dos casos de infidelidade." Sua avaliação sobre as prioridades masculinas é curta e grossa. "Nenhum homem perderia a chance. Ele pode não ir atrás de uma mulher, mas, se ela se jogar na frente dele..."


2) O diabo da bebida:


O álcool é um dos principais coadjuvantes da infidelidade masculina. Tomás, de 26 anos, vivia com Eliana havia dois quando o destino bateu à sua porta: "Trair nunca tinha passado pela minha cabeça, mas, numa despedida de solteiro de um amigo, uma mulher começou a dar em cima de mim e eu me dobrei". Ele se justifica: "Isso não teria acontecido se eu não estivesse bêbado. Não gosto de mentir, especialmente para alguém que eu amo, como a Eliana. Nós continuamos juntos e não quero que isso se repita".


3) A perspectiva do fim:


Para alguns, a infidelidade é uma prova de que o relacionamento está indo mal. "Quando você não quer dormir com mais ninguém a não ser com a sua amada, isso significa que está apaixonado. Essa é a minha definição do amor", diz Pedro, de 29 anos. "Trair a Sílvia foi uma prova de que eu não a amava mais. Terminei o namoro."


4) A falta de significado do gesto


André, de 29 anos, casado há quatro, não vê a infidelidade como algo muito sério. "O motivo é simples: os homens precisam de variação sexual. Já dormi com outras mulheres além da minha, mas isso não significou nada para mim." Sua teoria é clara. "Transo com outras mulheres, mas faço amor com minha esposa. Ela é a única por quem sou apaixonado. Emocionalmente, nunca fui infiel a ela."


5) A sensação de perigo


Mentiras, saídas às escondidas, rapidinha numa hora imprópria do dia. Esses temperos oferecem riscos que os homens não têm em seus relacionamentos estáveis. "A traição deixou o sexo mais excitante na minha vida", diz Fábio, de 30 anos, "e não só com a 'outra', mas também com a minha namorada. Ou seja, o sentimento de culpa e a excitação do meu romance afetaram de modo positivo o meu namoro. Me sentia péssimo, mas justificava minha atitude vendo o lado bom: minha namorada estava tendo orgasmos mais intensos".


6) Nós podemos...


A namorada do Marcos, de 31 anos, pegou-o na cama com outra. Ele se justificou dizendo que o cenário da cama fazia parte de seus negócios como corretor imobiliário. E ela acreditou na mentira. Eles inventam as desculpas mais esfarrapadas porque sabem que uma mulher traída não quer acreditar que isso aconteceu com ela. Já outros sujeitos acham que as garotas são bem desconfiadas. "Tenho certeza de que minha mulher sabia", diz Ricardo, que teve uma aventura no terceiro ano do seu casamento. "Mas ela preferiu ignorar. Para ela, o nosso relacionamento é mais importante. Respeitei-a por isso e nunca mais a traí."

4 comentários:

nina disse...

Por tudo isto não se pode olhar para a infidelidade numa perspectiva simplista e generalista em que existe um culpado e uma vítima. Normalmente a tendência é a generalizar as coisas e a culpa é sempre daquele que trai, no entanto existem (no mínimo) duas pessoas implicadas "o Eu e o Tu". Há quem diga que perdoar não resulta, outros dizem que cada um é que sabe de si e que tem a ver com o carácter de cada um. Há falta de respeito e mentiras, há também sofrimento!! E as pessoas tendem a implicar-se mutuamente... haverá uma razão explícita para o outro ter sido infiel? Concerteza! Será que, se alguma coisa fosse diferente na relação, ele(a) teria sido infiel? E neste caso, essa “coisa” seria contornável? Se formos mais radicais podemos ainda perguntar se existe alguma razão plausível para a infidelidade?? Seja como for, alguém sai quase magoado de uma relação que teria muito (ou pouco) para dar certo... e se tivesse havido respeito pelo outro, teria havido menos sofrimento. Agora... a forma como cada um avança, ou não, numa relação marcada por um “corte”, depende da personalidade do próprio e das estratégias que, consciente ou inconscientemente arranja para lidar com estes conflitos internos e externos. Torna-se importante, em todas as circunstâncias da vida e, particularmente, nas relações interpessoais, que nos saibamos defender. Isto é, que arranjemos mecanismos que permitam maturar as nossas vivências e não permitir de “ânimo leve” que o outro se sinta no direito de nos magoar. Afinal, a liberdade do outro acaba onde se inicia a nossa!

Blue Moon disse...

"Por tudo isto não se pode olhar para a infidelidade numa perspectiva simplista e generalista em que existe um culpado e uma vítima...". Acho que resumiste muito bem o espírito do ensaio. Mas eu acrescentaria ainda que em grande parte das situações não existem duas mas três partes que são enganadas numa situação de infidelidade....A questão do perdoar assumo que à partida me é díficil de aceitar....

nina disse...

Interessante (agora) seria um ensaio sobre a perspectiva feminina, ou seja , a traição vivida do ponto de vista das "traídas"

Blue Moon disse...

Desafio aceite. Será com certeza muito interessante verificar esse ponto, como também será muito revelador um ensaio sobre a traição feminina, porque está comprovado que nos dias de hoje são elas que mais traem.