17 anos!!!

Foi este o tempo que Eluana Engaro esteve em estado vegetativo desde o acidente rodoviário que a deixou em coma em Janeiro de 1992. 17 anos! 17 anos de sofrimento, de dor, de viver(?) sem esperança... Morreu ontem de noite. E desculpe-me quem ficar ofendido, mas digo finalmente.

Há 10 anos que o seu pai lutava pelo direito à morte assistida, pelo direito de parar o sofrimento de quem amava, ama e amará até ao fim dos seus dias. Mesmo não tendo a sua presença física. Que vida(?) era aquela? Que qualidade de vida tinha ela e os seus familiares? Que legitimidade têm aqueles que defendiam a manutenção de uma condição completamente absurda e precária em termos de saúde e sofrimento?

Temos de ser egoístas ao ponto de queremos manter um corpo físico perto de nós? Mesmo que não passe disso mesmo, ou seja, sem que haja um efectiva relação de proximidade com quem está numa situação como a de Eluana? Se um dia eu estiver na situação de Eluana quero ter o meu direito a morrer. Quero que alguém possa tomar essa decisão sem que por isso possa ser responsabilizado.

Muitos dos que defendem que jamais deve existir o direito à morte assistida perguntam o que faríamos se tivessemos alguém numa situação como a de Eluana. Eu já fiz essa reflexão e sei que por mais dificil que fosse, tomaria a decisão de acabar com o sofrimento da pessoa em causa. Pensaria apenas nos momentos bons que teria passado com essa pessoa. Pensaria nela em primeiro lugar. Digo isto pois acredito e sei que aqueles que amo e estão à minha volta também pensam assim.

Admito, sou "fraco" no que diz respeito a suportar o sofrimento e a dor. Sou daqueles que defendem que a vida jamais deve ser sofrida....Quem sabe um dia eu possa e consiga explicar melhor a génese deste post. Quem sabe um dia a sociedade esteja pronta a falar deste tema sem receios e ideias arcaicas e pré-concebidas.